Densidade de Palavras-Chave: Ainda Vale a Pena Pensar Nisso?

No começo do SEO, por volta de 2010, densidade de palavras-chave era quase um dogma. Todo mundo queria saber o número certo. Um por cento? Dois? O objetivo era repetir a palavra até o Google “entender” o assunto, mas não o bastante para parecer spam. Durante um tempo, funcionou. Até que o Google começou a entender o texto de outro jeito.
Hoje ele não conta palavras. Ele tenta entender relações. O algoritmo observa contexto, intenção e propósito. “O que essa página quer responder?” Se a resposta é clara, ela sobe. Se é confusa, não importa quantas vezes a palavra apareça.
Mas palavra-chave ainda é o ponto de partida. Ela define o eixo temático, o campo semântico onde o Google vai procurar sentido. Se eu escrevo sobre “densidade de palavras-chave” e ignoro termos como “otimização”, “relevância” ou “conteúdo”, o algoritmo não consegue montar o mapa de relações. A palavra-chave continua sendo o pino central do tabuleiro, só que agora ela precisa das peças ao redor.
O leitor sente isso também. Texto natural flui porque a ideia puxa os termos certos sem esforço. Quando a escrita tenta agradar o robô, a frase trava. O Google mede isso de forma indireta: se o usuário volta rápido, o texto falhou; se ele continua lendo, entendeu o recado.
A densidade aparece nas conversas técnicas, mas mais como vestígio do passado. O que realmente importa é o conteúdo que resolve o problema do leitor. Um texto que explica, exemplifica e mantém o foco prende mais do que qualquer porcentagem. É o engajamento que sinaliza relevância, não o contador de palavras.
John Mueller, do próprio Google, já foi direto: não existe número ideal. Existe clareza. Se o leitor entende, o algoritmo entende também.
Como aplicar isso na prática
Comece pelo público. Pesquise o que ele busca e como formula a dúvida. Use a palavra-chave principal no título e, se fizer sentido, em um subtítulo. Deixe as variações surgirem naturalmente conforme o raciocínio se desenvolve. A pergunta não é “quantas vezes repeti”, mas “o tema ficou claro?”.
Pense na estrutura como uma conversa. Cada parágrafo responde algo e abre uma nova dúvida. Essa transição é o que faz o leitor continuar.
No fim das contas, densidade é detalhe técnico. Serve como sintoma, não como causa. Um bom artigo se sustenta por utilidade e clareza. Se o leitor lê até o fim, você acertou. Se ele para no meio, não adianta estar na primeira página.

Peter Faber